É o que mostra a cine-biografia de Ernesto Guevara, dirigida em duas partes por Steven Soderbergh. Benício Del Toro estupendo, não atua, ele é o próprio Che. O roteiro cria o cenário da guerrilha desde as reuniões com os irmãos Castro, passando pela conquista em Cuba e finalizando com a derrocada na Bolívia.
A liderança autocrática de Che Guevara apresentada no filme é baseada na autoconfiança, no carisma, na persuasão, nas suas decisões quase sempre unilaterais e orientações claras. Quanto a este item, é bastante perceptível no filme a preocupação de Che em deixar as informações claras para todos os envolvidos: as regras rígidas, as reuniões de kick-off (Che - A Guerrilha, 30min), reuniões gerais para repassar planejamentos (Che - A Guerrilha, 88min), ou o gerenciamento de conflitos (Che - A Guerrilha, 38min). Quem é liderado por esse estilo de liderança frequentemente percebe a importância da sua atividade e a convergência com a meta.
Quando os objetivos exigem uma nova visão e uma grande mudança, o estilo autocrático é bastante apropriado. Levar a dignidade a regiões desprezadas na América Latina, convenhamos, é uma nova visão de tamanho gigante, idealizada pela dupla Fidel e Guevara. Além disso, esse líder catalisador da mudança tem por característica a empatia e preocupar-se com seu time que retribui com admiração e respeito. No entanto, vale lembrar que em alguns casos, sob pressão, essa liderança tende a ter reações que provocam medo e receio nos liderados.
Alguns autores são divergentes ao descrever a liderança autoritária ou autocrática. GAUDÊNCIO descreve com eufemismo o estilo comando/controle, a obediência imposta e a disciplina obtida através de regras severas, são as marcas questionáveis desse tipo de líder.
Dono da segunda imagem mais veiculada no mundo, só perde para a imagem de Jesus Cristo, Che Guevara cita Guerra e Paz, de Tolstoi, na primeira parte do filme: A força de um exército não está apenas no número de combatentes, é o produto da sua massa multiplicado pela incógnita X, a motivação. Acreditar na causa, reconhecer que as ações visam proteger e melhorar as condições de vida dos cidadãos e libertar a pátria são fatores motivacionais trabalhados por Che.
Por ter a necessidade de definir todas as ações, ser orientado por tarefas e controlador, o líder autocrático não se encaixa em equipes experientes ou de especialistas, que tenham certa maturidade. Por outro lado a liderança autocrática resiste a períodos maiores, diferente da coercitiva, mantendo a preocupação para não torna-se um líder dominador."... o verdadeiro revolucionário é movido por um grande sentimento de amor"
Sei da escolha um tanto controversa por Che Guevara para ilustrar o exemplo de liderança autocrática. No entanto devemos tomar as devidas proporções e trazermos para a nossa realidade. Não temos pelotões de fuzilamento e não corremos risco de morte em nossos projetos (apesar da pressão por resultado mostrar o contrário), mas Che é um grande exemplo de liderança que guia para um ideal, um sonho, um quesito marcante desse tipo de líder autocrático.
Reserve um tempo para assistir em sequência "O Diário de Motocicleta", "Che" e "Che - A Guerrilha". É garantia de bom entretenimento e conhecer a trajetória desse ícone.
Abraço.
Referência:
GAUDENCIO, Paulo. Superdicas para se tornar um verdadeiro líder. Editora Saraiva, 2009.
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ResponderExcluirAcredito que uma liderança autocrática baseada em autoconfiança, no carisma e na persuasão é uma boa forma de fazer a equipe liderada convergir para as decisões unilaterais de seu líder sem promover a desmotivação da maioria.
ResponderExcluirSerá que nestes dias, nestes tempos globalizados que vivemos, com tanto acesso a informação, culturas, posições, visões etc... Será que há possibilidade de sucesso com este tipo de atitude?
ResponderExcluirOlá Duds!
ResponderExcluirParece que temos pouco espaço para esse líder atualmente.Alguns autores defendem o uso desse modelo de liderança por um curto período de tempo e destinado para um público próprio! Mas, como você, não abraço muito a ideia!
Obrigado pela participação.