26 de maio de 2010

Errar é humano

O senso comum aponta para que fracassos, erros de percurso, falhas, não podem em hipótese nenhuma acontecer. É a cultura da punição, da repreensão, do medo e da cobrança pela perfeição. De acordo com Cabrera, "o dever da perfeição é o maior empecilho para a inovação".

A verdade é que, independente do que você acredite, é incontestável que falhar é inevitável. Não é bom, mas acontece. E de acordo com a característica do líder temos duas atitudes diferentes frente a esses contratempos. Temos o âncora - aquele que busca um culpado e pune. O seu contraponto é o líder balão, que reage e minimiza os danos em primeiro lugar, de forma participativa.

Um líder âncora causa:

  • o encobertamento do erro: se você sabe que tomará uma tremenda repreensão, pensará duas vezes antes de expô-las. Não é a atitude correta, pois os erros devem ser comunicados imediatamente para que os impactos sejam minimizados, no entanto, essa é uma reação autêntica de defesa. 
  • a baixa auto-estima: aos poucos, com a repetição das repreensões, a auto-confiança e a auto-estima são abaladas, com impacto extraordinariamente negativo no desempenho do liderado.
  • o medo: existe uma sutil diferença entre surpresa e suspense. A surpresa é quando você não espera - a bomba explode repentinamente. O suspense é quando no início do filme o diretor avisa - tem uma bomba sob a mesa. Você fica na tensão durante todo tempo, aguardando pela explosão. É o mesmo princípio. Você tem medo de fazer algo errado, e a todo momento teme ser surpreendido negativamente. Essa tensão contínua é muito improdutiva.
  • a mesmice: não há inovações exatamente porque o risco envolvido é grande. O item anterior, o medo, explica a falta de inovação. É puramente temer o novo, pois não existe forma confiável de medir o sucesso de algo que não se tem parâmetro.
E como age um líder balão nesses casos? O gestor moderno e de atitude positiva:
  • é mentor do seu liderado: o líder desenvolve o liderado. Entende e ajuda a corrigir os erros. 
  • é resiliente: cai, levanta e promove essa habilidade aos liderados. Com atitude - "existe um erro, então vamos corrigí-lo".
  • avalia as expectativas: antes de julgar, o líder avalia a carga conferida ao profissional, o tempo dedicado e a complexidade da tarefa.
  • trabalha os pontos fortes: o líder evidencia e trabalha com as qualidades do profissional. Você é ruim em Matemática mas ótimo em Português? Dedique-se ao Português. É nesse ponto que você se destacará. O líder consegue ver isso.
  • sabe que ninguém é infalível: "um dos erros mais comuns e mais graves é pensar que o sucesso se deve a alguma genialidade, a alguma mágica ou a alguma outra coisa que não possuímos", Maltbie Babcock.
  • sabe que a maneira mais cara de treinar é através do erro: o líder valoriza esse tipo de aprendizado. Cabrera afirma que "Pior do que constatar o erro é não aprender com eles".
  • sabe dar feedbacks: feedback negativo, porém não punitivo. Feedbacks rápidos, contrutivos, diretos, que apontam os erros e encoraje-a [BLANCHARD]. Segundo Cortella  "Um erro deve ser corrigido, e não punido". 
  • usa a lei de ouro: "Aquilo que não desejas para ti, também não o faças às outras pessoas", Confúcio.
O medo de errar aborta inovações, inibe a criatividade, desenvolve uma geração de executores e autômatos reativos. Tenha cuidado em como você trata as falhas de seus liderados e as suas próprias.

Para ilustrar esse post, dê uma olhada no vídeo da Nike, com Michael Jordan, que aborda o mesmo assunto:


"Toda pessoa bem-sucedida é alguém que fracassou, contudo nunca se considerou fracassado". John C. Maxwell
Abraço.

Referências

MAXWELL. J. 4 segredos do sucesso. ed. Thomas Nelson Brasil. 2008.
CABRERA, L. Errou? Que bom. Corrija. VOCESA, maio 2010.
BLANCHARD, K. & JOHNSON S. O gerente minuto. ed. Record. 2008.

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